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Cartas de Estocolmo

O desafio da bicicleta

Não sei se aí tem disso, mas aqui é muito comum. Estamos na época dos desafios no trabalho. Competições de passos, de corrida, de quilometragem na bicicleta, tudo é válido!

Outro dia, corremos, com um grupo de colegas, a Vår-Ruset, a corrida da primavera. Milhares de mulheres correram 5 km, individualmente ou em grupo, para preservar sua saúde ou, simplesmente, para colaborar com uma causa. Qual é a causa, mesmo? Nem sei, mas se for só a da nossa saúde, já é válida.

Mas, agora, estamos no meio do Desafio da Bicicleta, Cykelutmaningen. Trata-se de uma prova em três etapas. Somos convidados a ir de bicicleta para o trabalho, entre maio e outubro. É uma atividade boa para a saúde dos funcionários, boa para o meio ambiente, tanto assim para a empresa e organizações de modo geral.

A ideia surgiu no ano 2000, com a finalidade de estimular a combinação ida ao trabalho com exercício físico. Fazendo aumentar a proporção de viagens de bicicleta ao trabalho, o Cykelutmaning provoca a redução do uso de transportes coletivos e de carros particulares, contribuindo assim, também, para diminuir o uso de combustíveis fósseis, as emissões relacionadas a esse tipo de combustível e seu impacto ambiental.

Hoje em dia, os participantes do Desafio podem escolher entre pedalar e andar até o trabalho. O mínimo são 2 km. A cada vez que você pedala ou caminha 2 km para o trabalho, você ganha um ponto.

Em 2009, foram mais de 11 mil participantes do Desafio. Juntos, pedalamos todos o equivalente a 120 voltas ao redor da Terra. Percorrer essa mesma distância com veículos automotivos provocaria a emissão de mais de mil toneladas de dióxido de carbono.

Além disso, as estatísticas indicam que uma pessoa que não se exercita fica doente entre sete e 10 dias mais do que aquela que se exercita regularmente.

O objetivo do Desafio da Bicicleta é conseguir que os participantes pedalem entre dois e três dias por semana, durante as nove semanas em que dura cada uma das três etapas da competição.

As estatísticas (que me desculpe meu querido leitor Fontana) indicam que as pessoas que dirigem seu automóvel para o trabalho, todos os dias, correm um risco 50% maior de sofrer um infarto. A meia hora em que eu pedalo para o trabalho traz resultados positivos para o meu coração e a minha pressão, diminui os riscos de eu ter diabete, reduz o meu estresse e ainda contribui para preservar o meio ambiente.

O negócio é simples. Eu pedalo, munida de capacete e da minha energia; de quebra, perco uns quilinhos, ganho saúde, e meu empregador conta com um funcionário mais alerta, mais cheio de energia, mais saudável, mais produtivo, enfim.

Este ano, descontando viagens a trabalho, em que não pude pedalar, e dias de chuva e muito vento, em que “amarelei”, já pedalei 20 vezes para o trabalho, desde o começo de maio. Na página da competição, posso ver quantas toneladas de dióxido de carbono eu deixo de emitir com minhas pedaladas, quantos quilômetros rodados e como estou em comparação com meus colegas ciclistas.

Confesso que não faço muitos quilômetros por dia. Minha casa fica a 7,5 km do meu local de trabalho. Mas, de qualquer forma, pratico uma hora de exercício físico, que é fundamental para minha saúde.

Este ano, depois de um 2009 infernal, no que diz respeito ao estresse e ao aumento de peso, já pedalei mais de 270 km, perdi nove quilos e deixei de emitir 53 kg de dióxido de carbono para a atmosfera. Em termos da gasolina que deixei de gastar, trata-se de pouco mais de 20 litros, com uma economia de uns 75 reais.

É pouco?

De qualquer jeito, a sensação de fazer a coisa certa, tanto individual quanto coletivamente... não tem preço

Precisamos batalhar por boas ciclovias no Brasil! Pedalar é bom para o bolso, para a saúde e para nossa consciência!

Que você, leitor, também possa experimentar as maravilhas de uma bicicleta! E que as autoridades do trânsito, nas cidades brasileiras, possam entender que abrir espaço para o ciclista é claro sinal de progresso e desenvolvimento!

Vamos pedir mais ciclovias e pedalar, gente!

Fonte: O Globo, 11/06/2010

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