por Renata Falzoni
Porto Alegre é uma cidade que saiu na frente de outras sedes da Copa do Mundo e aprovou em 2009 um Plano Diretor Cicloviário. Embora esse plano seja apenas um papel, já é real a intenção de se incluir as bicicletas nos modais de transporte.
Mas, veja como é a dificuldade e o perigo moram ao lado.
Na última quinta-feira, dia 25 de novembro, dois ciclistas foram as compras de costume no Mercado Municial de Porto Alegre em suas bicicletas. Como o largo Glênio Peres em frente ao Mercado estava ocupado por uma feira e como não havia onde acorrentar as bicicletas eles resolveram prendê-las aos portões do Mercado.
Ao retornar as bicicletas estavam acorrentadas com uma segunda corrente, ou seja elas estavam “confiscadas”, pela própria equipe da segurança do Mercado, sob a alegação de se “desencorajar a prática de ir ao mercado em bicicletas”.
Escrito assim parece piada, mas leiam o e-mail enviado pela diretoria do Mercado a essa respeito.
"Entendemos sua indignação mas, em uma cidade como Porto Alegre, onde não é habitual usar bicicletas como meio de transporte, uma situação como o ocorrido não é de surpreender.
Não estamos preparados para receber ciclistas e nem há previsão de bicicletário no Mercado Público. Não existem avisos por ser considerar-se óbvio que, em local público, não seja esperada a visitação acompanhada por bicicletas ou animais domésticos não havendo, portanto, um local que seja adequado ou seguro para deixá-los.
A orientação de prender ou apreender bicicletas é utilizada para desencorajar e advertir a prática, pois não podemos ser responsáveis por possíveis danos ou mesmo roubo que possam ocorrer.
A partir de seu contato, pensaremos em soluções adiantando que tais projetos precisam de um prazo razoável de avaliação.
Pedimos que considere as medidas tomadas não como grosseria, mas como um meio de proteger seu patrimônio pessoal.
Não deixe de vir ao Mercado para prestigiar Eventos, fazer compras ou passear. Deixe sua bicicleta para aproveitar momentos de lazer ao ar livre. Já conseguimos progressos em construir ciclovias. Como vê, estamos “chegando lá”.
Esperamos sua compreensão.
Att
Coordenação de Próprios / SMIC"
Clique aqui e leia a notícia
Veja bem a “autoridade” do Mercado já começa dizendo que as bicicletas não são habitualmente usadas como meio de transporte em Porto Alegre e devido a isso é justificável que o Mercado público não tenha um bicicletário. Como não se espera clientes em bicicletas é portanto norma confiscar as bicicletas dos clientes que tentam estacionar suas bikes no Mercado para desestimular o uso da mesma. O ponto final de ouro: quem quiser pedalar que o faça ao ar livre como lazer nas ciclovias que estão por ser construídas. E com um tapinha nas costas arremata estamos “chegando lá”
Pelamordedeus o que que é isso!!!! Chegando lá aonde? Esse texto “oficial” ilustra um pouco o que é desanimadora a nossa luta, uma vez que os entraves apontados pelas "autoridades" são apoiados em “achismos” de pessoas influentes, em geral cidadãos sedentários, que nada conhecem além do painel de seus carros!
É de se imaginar a indignação da comunidade cicloativista de todo o Brasil, desta forma a diretoria do Mercado recebeu uma saraivada de e-mails, incluindo-se aí um meu, apontanto o grande erro nessa medida arbritária e irregular.
Viva a Internet!
Para resumir, o Secretário Municipal da Produção, Indústria e Comércio , sr Valter Nagelstein, assumiu o controle da situação e veio com esse comunicado:
"Tomei ciência da resposta dada por uma servidora do Mercado Público acerca da questão das bicicletas. Apresso-me em desculpar-me com todos os que escreveram à SMIC, alguns indignados, informando que foi uma posição pessoal da colega, que não representa a visão da Secretaria, nem do Governo. A seguir, compartilho nossa visão:
A) É necessário sim o estimulo a transportes alternativos, tanto no diz respeito à qualidade de vida, especialmente no que concerne ao meio ambiente. No caso das bicicletas também uma melhor saúde;
B) De fato o Mercado Público não dispõe de uma estrutura que acomode as bicicletas. Já determinei que providências sejam tomadas no sentido de disponibilizar o mais breve possível um bicicletário;
C) Vale lembrar, sem querer apontar culpas ou responsáveis, que o Mercado tem 141 anos, e que até hoje governos de todas as matizes ideológicas ainda não haviam se apercebido desse lapso, que o presente episodio ajuda a aclarar;
D) Importante registrar também que a origem desse problema de agora, deveu-se ao fato de que uma bicicleta foi acorrentada em um dos portões do Mercado Público, o que também não é correto. Mas compreendemos que certamente isso ocorreu pela indisponibilidade do equipamento adequado para a guarda das bicicletas;
E) Eu próprio, como vereador e líder em 2009, fiz incluir na ordem do dia da Câmara de Vereadores a votação – e trabalhei pela aprovação – do Plano Diretor Cicloviário de Porto Alegre;
Reiterando nossas escusas, lamento somente o teor de alguns e-mails, que se valem de adjetivos e excessos que certamente não contribuem para a construção de caminhos positivos, imputando ao Governo, como disse anteriormente, o equivoco de uma servidora, que também não pode ser condenada por isso. Precisamos exercer a virtude da tolerância.
Por último, dizer que é visão desta secretaria e sob, o comando do Prefeito Fortunati, prestarmos um serviço público eficiente, ouvirmos o cidadão, corrigirmos equívocos e a cada dia tentarmos melhorar nossa cidade.
Atenciosamente,"
Esse comunicado veio na hora certa para apaziguar o ânimo dos ciclistas de Porto Alegre, mas note bem, se em 141 anos de funcionamento o Mercado nunca havia sentido a necessidade de um bicicletário, posso afirma que há pelo menos 120 anos, tempo em que a bicicleta está no Brasil com meio de transporte, o direito dos trabalhadores que vão de bike para trabalhar no Mercado é negligenciado.
Fora esse pequeno “detalhe” eu como “macaca velha” e “gato escaldado” quero ver para crer esse bicicletário acontecer no tempo “mais breve possível”. Também quero ver para aplaudir o Plano Diretor Cicloviário de Porto Alegre sair do papel e marcar história!
Enquanto isso uma manifestação está sendo organizada pela turma da Bicicletada de Porto Alegre.
E aqui em São Paulo... blá blá blá!
Fonte: ESPN Brasil, 01/12/2010
Projetos de Incentivo ao Uso da Bicicleta aqui.
Porto Alegre é uma cidade que saiu na frente de outras sedes da Copa do Mundo e aprovou em 2009 um Plano Diretor Cicloviário. Embora esse plano seja apenas um papel, já é real a intenção de se incluir as bicicletas nos modais de transporte.
Mas, veja como é a dificuldade e o perigo moram ao lado.
Na última quinta-feira, dia 25 de novembro, dois ciclistas foram as compras de costume no Mercado Municial de Porto Alegre em suas bicicletas. Como o largo Glênio Peres em frente ao Mercado estava ocupado por uma feira e como não havia onde acorrentar as bicicletas eles resolveram prendê-las aos portões do Mercado.
Ao retornar as bicicletas estavam acorrentadas com uma segunda corrente, ou seja elas estavam “confiscadas”, pela própria equipe da segurança do Mercado, sob a alegação de se “desencorajar a prática de ir ao mercado em bicicletas”.
Escrito assim parece piada, mas leiam o e-mail enviado pela diretoria do Mercado a essa respeito.
"Entendemos sua indignação mas, em uma cidade como Porto Alegre, onde não é habitual usar bicicletas como meio de transporte, uma situação como o ocorrido não é de surpreender.
Não estamos preparados para receber ciclistas e nem há previsão de bicicletário no Mercado Público. Não existem avisos por ser considerar-se óbvio que, em local público, não seja esperada a visitação acompanhada por bicicletas ou animais domésticos não havendo, portanto, um local que seja adequado ou seguro para deixá-los.
A orientação de prender ou apreender bicicletas é utilizada para desencorajar e advertir a prática, pois não podemos ser responsáveis por possíveis danos ou mesmo roubo que possam ocorrer.
A partir de seu contato, pensaremos em soluções adiantando que tais projetos precisam de um prazo razoável de avaliação.
Pedimos que considere as medidas tomadas não como grosseria, mas como um meio de proteger seu patrimônio pessoal.
Não deixe de vir ao Mercado para prestigiar Eventos, fazer compras ou passear. Deixe sua bicicleta para aproveitar momentos de lazer ao ar livre. Já conseguimos progressos em construir ciclovias. Como vê, estamos “chegando lá”.
Esperamos sua compreensão.
Att
Coordenação de Próprios / SMIC"
Clique aqui e leia a notícia
Veja bem a “autoridade” do Mercado já começa dizendo que as bicicletas não são habitualmente usadas como meio de transporte em Porto Alegre e devido a isso é justificável que o Mercado público não tenha um bicicletário. Como não se espera clientes em bicicletas é portanto norma confiscar as bicicletas dos clientes que tentam estacionar suas bikes no Mercado para desestimular o uso da mesma. O ponto final de ouro: quem quiser pedalar que o faça ao ar livre como lazer nas ciclovias que estão por ser construídas. E com um tapinha nas costas arremata estamos “chegando lá”
Pelamordedeus o que que é isso!!!! Chegando lá aonde? Esse texto “oficial” ilustra um pouco o que é desanimadora a nossa luta, uma vez que os entraves apontados pelas "autoridades" são apoiados em “achismos” de pessoas influentes, em geral cidadãos sedentários, que nada conhecem além do painel de seus carros!
É de se imaginar a indignação da comunidade cicloativista de todo o Brasil, desta forma a diretoria do Mercado recebeu uma saraivada de e-mails, incluindo-se aí um meu, apontanto o grande erro nessa medida arbritária e irregular.
Viva a Internet!
Para resumir, o Secretário Municipal da Produção, Indústria e Comércio , sr Valter Nagelstein, assumiu o controle da situação e veio com esse comunicado:
"Tomei ciência da resposta dada por uma servidora do Mercado Público acerca da questão das bicicletas. Apresso-me em desculpar-me com todos os que escreveram à SMIC, alguns indignados, informando que foi uma posição pessoal da colega, que não representa a visão da Secretaria, nem do Governo. A seguir, compartilho nossa visão:
A) É necessário sim o estimulo a transportes alternativos, tanto no diz respeito à qualidade de vida, especialmente no que concerne ao meio ambiente. No caso das bicicletas também uma melhor saúde;
B) De fato o Mercado Público não dispõe de uma estrutura que acomode as bicicletas. Já determinei que providências sejam tomadas no sentido de disponibilizar o mais breve possível um bicicletário;
C) Vale lembrar, sem querer apontar culpas ou responsáveis, que o Mercado tem 141 anos, e que até hoje governos de todas as matizes ideológicas ainda não haviam se apercebido desse lapso, que o presente episodio ajuda a aclarar;
D) Importante registrar também que a origem desse problema de agora, deveu-se ao fato de que uma bicicleta foi acorrentada em um dos portões do Mercado Público, o que também não é correto. Mas compreendemos que certamente isso ocorreu pela indisponibilidade do equipamento adequado para a guarda das bicicletas;
E) Eu próprio, como vereador e líder em 2009, fiz incluir na ordem do dia da Câmara de Vereadores a votação – e trabalhei pela aprovação – do Plano Diretor Cicloviário de Porto Alegre;
Reiterando nossas escusas, lamento somente o teor de alguns e-mails, que se valem de adjetivos e excessos que certamente não contribuem para a construção de caminhos positivos, imputando ao Governo, como disse anteriormente, o equivoco de uma servidora, que também não pode ser condenada por isso. Precisamos exercer a virtude da tolerância.
Por último, dizer que é visão desta secretaria e sob, o comando do Prefeito Fortunati, prestarmos um serviço público eficiente, ouvirmos o cidadão, corrigirmos equívocos e a cada dia tentarmos melhorar nossa cidade.
Atenciosamente,"
Esse comunicado veio na hora certa para apaziguar o ânimo dos ciclistas de Porto Alegre, mas note bem, se em 141 anos de funcionamento o Mercado nunca havia sentido a necessidade de um bicicletário, posso afirma que há pelo menos 120 anos, tempo em que a bicicleta está no Brasil com meio de transporte, o direito dos trabalhadores que vão de bike para trabalhar no Mercado é negligenciado.
Fora esse pequeno “detalhe” eu como “macaca velha” e “gato escaldado” quero ver para crer esse bicicletário acontecer no tempo “mais breve possível”. Também quero ver para aplaudir o Plano Diretor Cicloviário de Porto Alegre sair do papel e marcar história!
Enquanto isso uma manifestação está sendo organizada pela turma da Bicicletada de Porto Alegre.
E aqui em São Paulo... blá blá blá!
Fonte: ESPN Brasil, 01/12/2010
Projetos de Incentivo ao Uso da Bicicleta aqui.
Um comentário:
Isto mais parece um deboche de irresponsável num cargo administrativo. Se todos os incompetentes deste nível dessem lugar a visionários e bons empreendedores, não precisariamos passar raiva lendo coisas desse gênero. Parabéns pela digulção, seu blog é muito informativo, estou seguindo.
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