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Bicicleta é prática, ecológica e frágil

Há 37 anos, o pedreiro Eliezer Viana usa apenas um meio de transporte para se deslocar entre sua casa e o local que deseja ir. Todos os dias, seja para ir ao trabalho ou para fazer as compras no mercado mais próximo, ele não deixa de lado sua bicicleta, meio de transporte e companheira que nunca pensou em deixar, apesar de todos os transtornos causados.

"Gosto muito de fazer meu percurso de bicicleta. Tive oportunidade de trocar de meio de transporte, mas nunca quis porque me dar prazer", relata o aposentado, comentando que, nem os acidentes sofridos por conta da vida de ciclista, o fizeram mudar de ideia. "Nunca pensei em mudar, em comprar uma moto. Os meus filhos já trocaram, mas eu não quero", complementa.

Eliezer Viana faz parte de um grupo de teresinenses que prefere usar um meio de transporte mais econômico e acessível. Na capital piauiense, 11,8% dos deslocamentos são feitos por meio do veículo com duas rodas e movido por esforço do próprio usuário. O dado é de um levantamento feito pela revista Vida Simples. A revista da Editora Abril lançou, no final do ano passado, .-uma edição especial "Vá de bicicleta".

Quem também ajuda a engrossar a lista dos que optam por se deslocar de bicicleta é Graziane Fonseca. Ciclista profissional, ele prefere guardar o carro e fazer alguns trajetos sobre duas rodas. Percursos curtos, como de casa para o trabalho, são feitos de bicicleta. Ao fazer isso, Graziane conta que economiza e evita estresse no trânsito.

"Se for andar de carro, vou me estressar todos os dias. Por isso, prefiro ir de bicicleta, apesar da falta de espaços", comenta o ciclista. Ele relata que planeja seu trajeto para passar por ruas mais calmas e fazer percurso mais curto, além de escolher o horário ideal. Tudo isso, conta ele, para não ser surpreendido por nenhum carro e zelar por sua segurança.

Quem pedala não quer trocar de transporte (Foto Elias Fontinele)

Teresina não tem ciclovias estruturadas O levantamento da revista Vida Simples, da Editora Abril, traz ainda outro dado de interesse dos ciclistas. De acordo com a publicação, há 6,2 m de ciclovias e ciclofaixas para cada habitante de Teresina. O número coloca a capital piauiense entre as principais cidades que oferecem condições aos seus ciclistas.

Apesar dos números do levantamento, os usuários de bicicleta reclamam da falta de cuidado das ciclovias espalhadas pela capital piauiense. Os alvos de reclamação são a avenida Duque de Caxias, na zona Norte, e avenida Miguel Rosa, na zona Sul. "Não há ciclovias. As que existem estão deterioradas e não há cuidado", queixa Graziane Fonseca.

Outra reivindicação sua é quanto à ausência de ciclovias ligando um bairro ao outro da capital. "Não é problema andar por alguns bairros de bicicleta por causa das ruas calmas. O desafio do ciclista é se deslocar de uma região a outra sem enfrentar perigo ou correr o risco de sofrer algum acidente", comenta.

Ciclistas estão expostos no meio das ruas (Foto: Elias Fontinele)

Junto com a ausência de ciclovias e a falta de manutenção das existentes, os ciclistas reclamam da falta de respeito dos condutores de veículos. O pedreiro Eliezer Viana, por exemplo, relata que na Rua Rui Barbosa, na zona Norte de Teresina, a briga por espaço é constante entre ciclistas e motoristas de motos e carros. "Não há nenhuma estrutura para nos
e ainda temos que brigar por espaço com os carros", lamenta o pedreiro. Ele destaca que nos cruzamentos os riscos de acidentes aumentam mais ainda.

Sem vias adequadas, ciclistas se expõem aos perigos

A ausência de ciclovias em condições de uso obriga muitos ciclistas a andar transitando entre os carros, arriscando a própria vida. É pelo menos essa a desculpa dada pelo aplicador Fernando Moraes, 39 anos. Flagrado andando de forma errada pela avenida Duque de Caxias, na zona Norte de Teresina, ele conta que só troca a ciclovia pela avenida porque aquela não oferece condições de trafego. "Há muito buraco e lama em toda a ciclovia. Além disso, quando chega ao balão da Coca-Cola, fica muito complicado fazer a travessia para a (avenida) Jerumenha porque os carros não param", relata o aplicador, afirmando que desrespeita a lei de trânsito de forma consciente. "Sei o que estou fazendo e sabendo dos riscos", frisou.

O discurso de Fernando Moraes é semelhante ao do balconista Erinaldo Tavares. Há 20 anos, ele usa a bicicleta como meio de transporte e conta que opta pela pista de rolagem em detrimento da ciclovia porque esta não oferece condições. "Não há como pedalar por lá. Se fosse uma ciclovia com condições, andaria por lá, não de forma errada", disse.

De acordo com o Código Brasileiro de Trânsito, a circulação de bicicletas deverá ocorrer em ciclovia, ciclofaixa ou acostamento. Quando não for possível usar nenhuma das três opções, os ciclistas devem utilizar os "bordos da pista de rolamento, no mesmo sentido de circulação regulamentado para a via, com preferência sobre os veículos automotores".

Número de acidentes na capital é considerável

Os índices de acidentes envolvendo ciclistas não são oficiais em Teresina. Em janeiro, de acordo com dados da Companhia Independente de Policiamento de Trânsito, ocorreram apenas três acidentes envolvendo ciclistas. Os números, no entanto, são bem superiores.

"Existe um número considerável de acidentes envolvendo ciclistas. Isso ocorre por conta do fluxo de veículos em Teresina e pelas condições da cidade, que permite que se ande de bicicleta, ressalta a gerente de educação no trânsito da Strans, Audea Lima, salientando as principais causas de acidentes envolvendo os condutores de bicicletas.

"Quando o ciclista não anda no seu espaço, não observa com atenção quando vai fazer um retorno ou um cruzamento. Esses são os casos mais comuns de acidentes", destaca Audea. Ela aconselha que os ciclistas devem ter atenção redobrada para evitar transtornos. "Eles precisam ser vistos e respeitar a sinalização", finaliza.

Fonte: Jornal O Dia, 16/02/2011

Projetos de Incentivo ao Uso da Bicicleta aqui.

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