Fale conosco

pedale.piaui@yahoo.com.br

Apaixonados por bicicletas mantêm pequenos museus em casa

Hoje é paixão, mas já foi necessidade. Assim, os aficcionados por bicicletas explicam a razão de tanto esforço para localizar, comprar, restaurar e conservar essas ‘magrelas’. No início, colecionar bicicletas do passado era coisa de nostálgicos, mas hoje contagiou também jovens e assim começam a surgir grupos, encontros, clubes e fóruns na internet onde se discute, troca informações, peças, adereços e até as próprias bicicletas.

O perfil dos aficcionados por biciletas é variado, a paixão, não. O aposentado Francisco Amando diz que gosta mais de bicicleta que de carro e deve levar isso a sério, tanto que nunca teve carro, mas já teve época de contar às dezenas as bicicletas, em sua casa na Rua Tietê, na Vila 7, que é como se chamava uma parte da Zona 7.

"É importante passá-las para quem vai gostar
delas como eu gostei" Francisco Amando
colecionador

Todas foram compradas com sacrifício, já que o que juntava no mês vendendo doces de coco, amendoim, paçoquinha e outras guloseimas em um carrinho de empurrar que ficou 45 anos parado na Avenida Brasil, ao lado do Supermercado Cravinho, que depois virou Musamar e hoje é Camilo, era pouco. Se aceitasse bicicletas da época, tudo bem, mas ele só queria as raras, que são caras, assim como cara é a restauração.

Embora suas bicicletas tenham 50, 60, 70 anos, estão como se estivessem saindo da loja. Mas elas não estavam assim quando as encontrou. Foi buscando uma peça aqui, um selim ali, garupeira, luvas, campainha, que as deixou ‘novas’. Aos 75 anos, o aposentado Francisco está com o carrinho estacionado no fundo do quintal, não vende mais doces e nem compra bicicletas. Ao contrário: se desfez de várias delas.

Há dois anos, vendeu oito de suas magrelas para um colecionador de Apucarana. O preço foi de R$ 1.500 a R$ 2 mil cada, valor que envergonha muita bike moderna. "É como se tirasse um pedaço de mim, mas é importante passá-las para quem vai gostar delas como eu gostei".


De pai para filho

O empresário Sebastião Delefrati dificilmente conseguirá pedalar todas as magrelas de sua coleção. Ele tem mais de 50 na garagem de sua casa, no Jardim Maravilha. Mas, todas elas desfilam pela cidade, já que os cinco filhos de Sebastião herdaram a paixão pelo antigo e fazem questão de pedalar em bicicletas mais velhas que eles, embora tenham aparência de novinhas em folha.

O filho Narciso, presidente de uma empresa de transporte, é mais novo que a maioria das bicicletas da coleção, mas ajuda o pai a cuidar, faz pesquisas pela internet, mantém contatos com outros colecionadores e, sempre que sobra tempo, dá umas boas pedaladas pela cidade.

Em São Jorge do Ivaí o produtor rural Darci Zequi Crevelaro é conhecido por sua coleção de bicicletas, iniciada por uma Monarki 1949 quando tinha 17 anos. Hoje, tem 71. É na casa do produtor, em um quarto, onde ele guarda e faz a manutenção das peças.

A reforma é feita por um mecânico de Rolândia, especialista em bicicletas antigas. "Utilizamos somente peças originais. Como algumas partes não são mais encontradas, mando fabricar o que não encontro nos moldes tradicionais", diz, lembrando que de duas ou três bicicletas velhas se monta uma boa.

A reforma não custa barato. Em cada bicicleta Crevelaro gasta entre R$ 800 e R$ 950. "Onde sei que tem uma bicicleta vendendo, vou lá e compro. Já busquei exemplares em Doutor Camargo, Maringá, Floraí e até em Arapongas", disse.

Quando questionado se a coleção já está completa, ele abre um sorriso: "Ainda tem espaço no quarto". Em praticamente todas as coleções de bicicletas as mais antigas são importadas, já que a fabricação no Brasil começou há cerca de 60 anos.

As mais presentes nas mãos dos colecionadores são marcas como Phillips, Husqvarna, Afornali, Wanderer, Erlan e Monark, depois vêm marcas mais recentes, já nacionais, como Prosdócimo, Hermes e Caloi.

Fonte: O diario, 19/02/2012

Nenhum comentário: