Temos acompanhado nas páginas do Santa debates acalorados entre entusiastas do sistema cicloviário e pessimistas que acreditam que as ciclovias são apenas um sonho distante, algo que só funciona nos países desenvolvidos, e consideram utópicos os esforços de entidades e sociedade organizada para desenvolver a mobilidade urbana, utilizando meios de transporte alternativos a fim de melhorar a qualidade de vida da nossa população.
A Associação Blumenauense Pró-Ciclovias (ABC) acredita que a criação de infraestrutura para o uso da bicicleta faz parte da solução para o trânsito em centros urbanos. Está mundialmente comprovado que o sistema cicloviário é um suplemento básico para o transporte urbano e uma solução para qualquer cidade de médio e grande porte.
Se voltarmos ao passado, veremos que Blumenau tem vocação para o uso desse meio de transporte. Segundo dados do Arquivo Histórico da cidade, em 1929 havia 748 bicicletas, o que representava 80% dos veículos. Na década de 50, os blumenauenses utilizavam cerca de 17 mil bicicletas – o calor e os morros eram os mesmos, mas as bicicletas eram mais pesadas e sem marchas. Entretanto, como ocorreu na maioria das cidades brasileiras, a expansão da indústria automobilística foi, aos poucos, absorvendo os usuários da bicicleta, que gradativamente foram se transferindo para o veículo automotor.
Hoje presenciamos diariamente uma situação que está chegando perto do insustentável, com mil veículos novos a cada mês. Basta transitar pelas ruas do centro nos horários de pico para comprovar. A construção de mais pontes ou viadutos ajuda, mas é medida paliativa. É preciso pensar a longo prazo. Por isso, ressaltamos as vantagens de investimentos em ciclovias e ciclofaixas e bicicletários seguros. A bicicleta é uma alternativa barata para trajetos curtos, eficiente e saudável, principalmente se integrada ao sistema de transporte coletivo. O custo de implantação de uma ciclovia e a faixa de domínio necessária é menor que uma via normal, porém com a mesma capacidade de escoamento. Isso sem contar a redução do barulho, poluição e riscos de acidente. Tudo isso soma para o aumento da qualidade de vida das pessoas.
Fonte: Jornal de Santa Catarina, 07/04/2010
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