A cena nem é incomum em Curitiba. A bicicleta fica encostada a um poste ou cerca presa a uma corrente e cadeada. Isso porque não há locais públicos adequados para o ciclista deixar seu equipamento. Curitiba não privilegia nem incentiva o uso da bicicleta entre a população. “Há uma propaganda muito forte de que há a preocupação com os transportes alternativos, mas infelizmente a realidade é outra. A atual administração pública não trata bem da questão”, opina o consultor de mobilidade não-motorizada, Ulrich Jager.
Prova disso que há três anos a Prefeitura construiu seis bicicletários dentro de um projeto que pretendia espalhar os equipamentos pela cidade. Hoje, os espaços estão subutilizados e jamais chegaram a funcionar como deveriam. Desde que criou o projeto a Prefeitura não conseguiu viabilizar o funcionamento dos equipamentos. A ideia era licitar o serviço, mas não houve interesse da iniciativa privada.
Os bicicletários públicos ficam Parque São Lourenço, no Jardim Botânico, no Centro Cívico, nas Ruas da Cidadania do Pinheirinho-Carmo e no eixo de animação da avenida Arthur Bernardes, no Santa Quitéria. Eles têm 45 metros quadrados de área coberta, onde podem ser montados armários e balcões, mas no momento estão vazios.
Mas o fator que não atraiu a inicitiva privada foi como cobrar pelo serviço de guarda da bicicleta. No ano passado o verador Pedro Paulo (PT) já alertava que esse tipo de exploração era inaceitável para o ciclista. Por isso, desde o início, o debate era para que o poder público assumisse os pontos para beneficiar a população.
Além disso, os bicicletários são considerados insuficientes e mal-localizadas. “Os bicicletários em Curitiba estão abandonados. Alguns estão depredados e sendo desmontados. Eles não são usados, esta é a realidade”, pontua o conselhereiro da União Ciclistas do Brasil e diretor da Federação Paranaense de Ciclovia, José Carlos Assunção Belotto.
Belotto diz que para serem melhor utilizados, estes equipamentos deveriam estar construídos em pontos estratégicos da cidade. “Eles têm que estar em grandes polos geradores de trânsito, ao lado de shoppings, terminais e na região central. Em lugares que de fato os ciclistas podem usar. Também deveriam estar integrados ao sistema de transporte coletivo para que as pessoas pudessem ter a opção para utilizar os dois modais”, afirma Belotto que também é o coordenador do Projeto Ciclovida da UFPR.
Isso não acontece porque, dizem os ciclistas, a visão de Curitiba não é de que a bicicleta seja um meio de locomoção, mas de lazer. Por isso dos seis bicicletários, três foram implantados em parques. “Este é um conceito das décadas de 1970 e 1980, mas hoje a bicicleta tem outra função. Hoje ela é um meio de transporte, que eu posso usar não só para o lazer, mas para trabalhar também”, afirma Jager.
Apesar dessa falta de apoio público, os ciclistas comemoram que shoppings e supermercados mantêm bicicletários. E eles vivem lotados e, melhor, são gratuitos. Prova de que a demanda existe. Assim como existe muita gente disposta a trocar o carro pela bicicleta.
Fonte: Bem Paraná, 12/09/2010
Projetos de Incentivo ao Uso da Bicicleta aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário