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Santa Maria de Itabira: cidade das bicicletas

Muito antes de o conceito de sustentabilidade ambiental virar moda, Santa Maria de Itabira [140 km de BH] já utilizava um meio de transporte que hoje se configura como uma alternativa ao caos do trânsito nas grandes metrópoles: a bicicleta. Além de não poluir o meio ambiente, os proprietários não precisam pagar IPVA e, ao invés de gastarem com abastecimento de combustível, queimam calorias e se mantêm em forma.

A cidade tem pouco mais de dez mil habitantes, mas em todas as residências há pelo menos uma bike. O veículo é utilizado para ir ao trabalho, fazer compras, passear nos fins de semana, visitar o vizinho e até transportar cargas. O resultado é tão eficiente que nem há reivindicações para instalação de linhas de ônibus coletivo.

Quem passa pelas ruas santa-marienses vê dezenas de bicicletas encostadas pelos meio-fios, às vezes solitárias, destrancadas, dividindo espaço com os carros. Os proprietários dizem que quase todo mundo se conhece, então o risco de algum roubo é quase nulo.

O relevo plano é a explicação para o uso tão intenso do meio de transporte na cidade. Édson de Assis Duarte, conhecido por todos como Baiano, é dono de uma casa de móveis e eletrodomésticos que vende bicicletas. Segundo ele, cerca de 70% da área urbana é plana, por isso, tantos ciclistas. O único bairro que fica no morro é a Vila Marília Costa, de onde parte dos moradores tem uma visão privilegiada da cidade.

A loja de Baiano vende cerca de 50 unidades por mês, a maioria com garupa e sem marchas. Os clientes são diversos, inclusive da zona rural e de comunidades mais distantes do centro. “As pessoas que moram nas localidades do Chaves e Córrego da Lage compram muito também. Aqui todo mundo pedala mesmo”, diz o comerciante.

Maria do Rosário Magalhães Duarte Campos é auxiliar de laboratório no Hospital Padre Estevam há 26 anos. Todos os dias ela vai para o trabalho pedalando. Maria mora com o marido no bairro Nova Santa Maria e tem carro, mas gosta tanto de bicicleta que nem hesita na hora de definir qual condução pegar para ir ao trabalho ou a qualquer outra parte da cidade. “Acho bem mais cômodo. O pessoal de Santa Maria anda muito no meio da rua e não sai da frente quando a gente está de carro. Pedalando é menos estressante, além de ser ótimo para manter a saúde”, conta.

Entregas

Nos estabelecimentos comerciais, no lugar dos veículos motorizados, estão as bicicletas próprias para pequenas entregas. Supermercados, farmácias, correios, lojas de artigos diversos, cooperativa de produtores rurais e casa de material de construção têm entregadores que são verdadeiros atletas. A carga pode ultrapassar 50 quilos, dependendo de quem estiver no comando. “É bom para a saúde, para o trânsito e para o meio ambiente”, conta Éderson Guerra, gerente de supermercado.

O estacionamento, tanto para os funcionários quanto para os clientes, nem precisa ser grande. Também não há necessidade de marcações para as vagas exclusivas; um simples suporte para manter de pé as bikes que não têm descanso é o suficiente.

Os ganhos para os moradores da pequena cidade do interior de Minas são muitos. Menos estresse, congestionamento, poluição, gastos e mais saúde, convivência harmônica entre homem e natureza e bem-estar. As capitais do Brasil estão tentando encontrar solução para a estrutura do tráfego urbano que não suporta mais a quantidade de veículos. Santa Maria dá o exemplo de que andar de bicicleta pode se tornar um hábito e fazer parte da cultura de um povo.

Fonte: Defato online, 18/02/2011

Projetos de Incentivo ao Uso da Bicicleta aqui.

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