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Professores ensinam adultos a andar de bicicleta

Na infância, um presente comum dado pela família para suas crianças é a bicicleta. No entanto, algumas delas não aprenderão a pedalar e carregarão esta frustração para o resto da vida.

Foi o que aconteceu com o administrador Ricardo Manzano, de 47 anos. “Todo garoto na faixa dos dez anos pede uma. Mas eu não conseguia andar, sempre caía, e não pedi mais”, diz. Ele atribui a desistência à falta de equilíbrio ao pedalar nas duas rodas.

Na época de Ricardo, ensinar a andar de bicicleta era uma tarefa para pais, irmãos e amigos. “Só que, se você não aprende logo, fica sozinho”, afirma. Isso não aconteceria se ele tivesse à disposição um serviço que vem aparecendo nos últimos anos: o professor de bicicleta.

Um dos pioneiros foi José Américo Reis Vieira. Com sua experiência de 15 anos na função, ele já pode esclarecer o problema do administrador e de muitos de seus alunos: o equilíbrio. “Para se equilibrar, não é com o movimento do corpo, mas com o do guidão. O corpo acompanha a bicicleta. E o guidão é o responsável pelo movimento dela”.

Descobrindo o problema

Antes disso, o professor Américo, como é conhecido pelos alunos, diz que o principal está em não ter pânico. “Se cair, é só parar e começar de novo”.

Por isso, o primeiro passo em suas aulas começa antes do movimento das rodas. “Eu fico conversando, preparando o aluno. Pergunto, por exemplo, porque não aprendeu ainda”. Geralmente, as respostas que recebe são falta de tempo ou de bicicleta. “Trabalho com o que atrapalha a pessoa”.

Essa troca gera uma confiança entre o aluno e o professor, como a que existe entre um amigo que quer ajudar outro a andar de bicicleta. O estudante de Engenharia Henrique Yukio, de 21 anos, por exemplo, foi o instrutor escolhido por uma amiga para as aulas das primeiras pedaladas. “Passei para ela o esquema de se equilibrar e como deveria estar sentada, disse ele”.

Ajuda nas pedaladas

Esse apoio é considerado fundamental pelo professor Américo, que diz não poder estar de mau humor para exercer a função para não gerar traumas no aluno. Ele também compara aprender a circular de bicicleta à criança que começa a andar. “Ela começa engatinhando. Depois, fica em pé. Aí os pais ajudam ela a dar os passinhos. E, se cair, vai ser sem se machucar”.

Geralmente, essa ajuda, no caso da bicicleta, está no instrutor que segura o selim (nome do assento da bicicleta) enquanto ela é movimentada pelo aluno. Porém isso pode gerar certos constrangimentos entre os dois, como lembrou Américo. Para evitá-los, ele fez uma adaptação das rodinhas de apoio, comum nos modelos infantis. As hastes dela foram soldadas na bicicleta para servir de apoio ao instrutor, que guia o aluno por elas.

O instrutor acompanha o aprendiz de ciclista até sentir confiança suficiente para deixá-lo pedalar sozinho. “Tem gente que vai 20, 50 metros sem mim e nem percebe”. Foi o mesmo caso de Henrique com a amiga. “Fiquei com ela por dez minutos. Depois, ela ficou pedalando sozinha”, diz o estudante de Engenharia.

O erro principal

Mas, até chegar a este ponto, o aluno conhecerá um dos principais erros dos principiantes. Quando a bicicleta começa a cair para um dos lados, a reação comum deles é jogar a bicicleta para o centro. Mas é esse movimento que causa desequilíbrio. O professor Américo ensina o movimento correto. “Se pender para a esquerda, levar ligeiramente para a esquerda e trazer para o centro”.

Para quem não conseguir alguém que ajude a andar de bicicleta, o professor dá algumas dicas, que aprendeu com seus mais de dois mil alunos, que têm entre 4 e 80 anos, em sua escola de ciclismo Bike Tour Club, no Paraná.

Elas primam por gerar confiança no ciclista, como ter os pés nos pedais e conhecer tudo da bicicleta – saber, por exemplo, que o freio direito é o da frente e o da esquerda, de trás. Para manter o principal, o equilíbrio, ele sugere. “Evite olhar para o chão, o guidão, a roda. Olhe sempre para a frente”.

Agora, é só tirar a poeira da bicicleta e começar a pedalar. E se desequilibrar e não conseguir continuar pedalando, por os pés no chão, e, com calma, tentar mais uma vez, como diz o professor.

Fonte: eBand, 14/05/2011
Projetos de Incentivo ao Uso da Bicicleta aqui.

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