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Mobilidade Sustentável: uma alternativa para amenizar os congestionamentos de Teresina

É necessário repensar o desenvolvimento urbano e as carências de mobilidade da população teresinense.

Mobilidade Sustentável: uma alternativa para amenizar os congestionamentos de Teresina

Diante do crescente número de automóveis verificado em Teresina nos últimos anos, o que tem provocado congestionamentos cada vez mais regulares e o aumento na emissão de dióxido de carbono, vê-se a necessidade de repensar o desenvolvimento urbano e as carências de mobilidade da sociedade.

Uma alternativa é incentivar o uso da bicicleta como meio de transporte para os deslocamentos diários e de lazer, promovendo assim uma deslocação com menor impacto ambiental - a Mobilidade Sustentável, que é uma proposta do consultor e coordenador de projetos “bike-to-work” (pedale ao trabalho), Ulrich Jäger.

Ulrich propõe que a bicicleta seja o meio de transporte utilizado para ir ao trabalho, pelo fato de hoje as empresas sofrerem com a falta de estacionamento, levando os funcionários a ocuparem as ruas envolta e trazendo determinados prejuízos para a vizinhança e para a sua própria imagem.

Ao desenvolver o programa, a empresa consegue tirar os carros do seu entorno, tem um funcionário muito mais produtivo - visto que ele chega aquecido pela atividade física e mais preparado psicologicamente -, mais pontual, pois não enfrenta um engarrafamento que demanda muito mais tempo, e as empresas não perdem dinheiro com seu funionário preso no trânsito. Para o funcionário também é vantajoso porque é mais saudável e ele ainda economiza em academia e gasolina.

De acordo com o consultor, é necessário repensar a forma de ver a cidade, percebendo que a estrutura urbana não foi feita para os automóveis e sim, para as pessoas, que devem ter o seu trânsito incentivado, sendo o foco do planejamento ao invés dos veículos. “A cidade de Teresina está no seu limite em termo de comportar trânsito. Hoje não tem mais horário para engarrafamento, em qualquer hora do dia o trânsito está complicado”, enfatiza Jäger.

Segundo o consultor, nos últimos anos Teresina teve crescimento da frota de automóvel anual de quase 8% e de motos de 18,7%. Em contrapartida, o crescimento da população no mesmo período é de 1,2%. “O crescimento da frota chega a ser 10 vezes maior que o da população. E a malha viária simplesmente não acompanha esse crescimento. A cidade não foi construída para esse número de automóveis. E o resultado são os engarrafamentos diários”, constata o consultor.

Vantagens

O consultor em Mobilidade Sustentável vê Teresina como uma cidade propícia para o desenvolvimento do projeto: a capital se destaca entre as demais cidades brasileiras por ter 12% dos seus deslocamentos diários feitos em bicicleta, valor que está muito acima da média nacional que é de 3%. Além disso, Teresina também tem a vantagem de ser uma cidade plana.

“Quanto à temperatura de Teresina, os deslocamentos para o trabalho são feitos em horários que não atrapalham, que é de manhã bem cedo e no final da tarde.”, explica Ulrich, que apresenta uma pesquisa onde os dois fatores que mais atrapalham o traslado de bicicleta são a neve e a chuva. O calor é o último fator determinante. “O calor que você sente dentro de um carro parado é muito pior do que o que você enquanto pedala, pois nessa situação o vento está a seu favor.”, completa.

Para Jäger o tamanho da cidade também não influencia, pois, para uma distância de 5 a 6 km no horário normal a bicicleta tende a ser mais rápida que o automóvel. E quando é horário de grande fluxo de veículos, a bicicleta chega a ser mais rápida para uma distância de até 10 km.

“Não tem limites para o tamanho da cidade por que as grandes cidades têm suas periferias, que passam a ter os comércios locais fortalecidos, pois, ao invés de percorrer 10 km para fazer pequenas compras, se deslocando até o centro, você vai dar preferência aos locais mais próximos”, comemora Ulrich.

Sensação de liberdade

De acordo com Jäger, pedalar propicia uma sensação de liberdade e um prazer enorme. “No momento em que você começa a pedalar o corpo libera endorfina, que é o hormônio da alegria. Então eu costumo dizer que não existe um ciclista triste. Além disso, no engarrafamento você fica preso e não pode fazer nada, você é dependente de várias pessoas. Já para o ciclista não existe engarrafamento”.

Dificuldades

Para o consultor, o maior problema ainda é a falta de conscientização. A população ainda não percebe a necessidade de investir nesse modo de transporte. No momento em que você incentiva isso você torna a cidade mais humana. “O carro separa as pessoas porque todo mundo fica dentro de uma casca de metal individual, por que a ocupação dos carros hoje é de uma ou duas pessoas por veículo, enquanto isso a bicicleta traz as pessoas juntas e você pode conversar, fazer novos amigos durante o traslado”.

Meios

Jäger acredita que a primeira coisa a ser feita é disponibilizar uma infra estrutura apropriada, que facilite o deslocamento do ciclista. “Teresina não possui uma rede cicloviária, apenas uma malha ou vias cicláveis. São vias isoladas. Isso já gera um problema de segurança para o ciclista, especialmente em vias de alta velocidade”, lamenta Ulrich.
E conclui: “Também é necessário trabalhar com projetos de uso contínuo ou diário e de cedo criar essa consciência sustentável”.

Fonte: CREA-PI, 12/02/2010

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