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Prefeitura tenta recursos para aumentar ciclovias

Movimento na ciclovia da Avenida Mandacaru, na zona norte, que tem 6,1 quilômetros de extensão

O Programa de Mobilidade Urbana e Transporte de Maringá, que custará US$ 26 milhões – a metade financiada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) –, não contempla o mais saudável e menos poluente meio de transporte: a bicicleta. Nos últimos 2 anos, a rede cicloviária da cidade cresceu apenas 10%. A prefeitura informa ter um projeto que está prestes a ser aprovado e que viabilizaria a construção de mais 17 quilômetros lineares de ciclovias.

O projeto de ampliação da rede cicloviária de Maringá, que aguardou por 2 anos (sem êxito) a liberação de recursos do Ministério das Cidades, pode agora sair do papel com um financiamento da Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD).

Os representantes da agência – um banco de desenvolvimento, a exemplo do BID – estarão em Maringá hoje para conhecer a proposta da Secretaria Municipal de Planejamento (Seplan). "Há 2 meses estive em Brasília (em busca de recursos, no Ministério das Cidades) e aproveitei para procurar a AFD. Os representantes da agência aceitaram o covite para vir a Maringá conhecer o projeto", diz o secretário de Planejamento, Jurandir Guatassara Boeira.

Sem a prometida verba da Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana, do Ministério das Cidades, para ciclovias, do final de 2008 para cá o município só conseguiu estender a rede de ciclovias de 17,9 quilômetros para 19,7 quilômetros. Metade desse total fica no canteiro central de apenas duas avenidas: Mandacaru (com 6,1 km) e Pedro Taques (com 3,8 km).
Com a verba pleiteada com a AFD, as ciclovias que favorecem os ciclistas nessas duas vias poderiam ser construídas em outras movimentadas avenidas da cidade, entre elas a Morangueira, também no sentido norte-sul, e a Brasil, que cruza o Centro no sentido leste-oeste.

Na opinião de Guatassara, Maringá deve causar boa impressão nos representantes da AFD. "Nossa cidade tem condições ideais para o uso da bicicleta como meio de transporte. O relevo é adequado, o clima não atrapalha e a arborização soma a favor", diz o secretário. "Pretendemos, de fato, compor uma rede de ciclovias em Maringá", acrescenta.
Paralelo ao projeto da Seplan, a Secretaria dos Transportes de Maringá (Setran) informa também estar elaborando propostas para ampliar a rede de ciclovias.

Na quinta-feira passada, o secretário de Transportes, Walter Guerlles, enviou dois engenheiros de sua equipe a Sorocaba (SP), que é reconhecida por possuir, segundo ele, "um plano cicloviário bem desenvolvido". A intenção de Guerlles é compor um projeto para também tentar conseguir recursos no Ministério das Cidades.

Comparação

Se comparado com o trabalho realizado na capital federal, a rede cicloviária de Maringá deixa a desejar. Em Brasília, cidade planejada para se andar de carro, o aumento dos congestionamentos obrigou a administração pública a investir em ciclovias.

Até 2009, de acordo com o governo do Distrito Federal, eram quase 130 quilômetros lineares de ciclovias, construídas ao custo de R$ 7,5 milhões.
Segundo um levantamento do governo, cerca de 400 mil pessoas afirmam utilizar a bicicleta como meio de transporte em Brasília. Especialista em legislação do trânsito, o advogado Marcelo José Araújo diz que o projeto de dobrar a rede cicloviária é louvável, a exemplo dos esforços notados em Brasília. Entretanto, ele pondera que ambos os casos estão distantes do ideal. "Onde tem pedestre não tem espaço para carro também?", questiona. "Então, em cada via também deveria haver espaço para os ciclistas, assim como há calçadas para pedestres e ruas para carros". Para o advogado, cidades planejadas como Maringá têm espaço para implantar ciclovias.

Entusiasta da bicicleta como meio de transporte, Araújo diz que a alegação das autoridades de que não há demanda para uma ciclovia para cada rua não serve de desculpa em tempos de congestionamentos. "É uma tendência a gente utilizar aquilo que facilita nossa vida. Além de ser a melhor opção na preservação do meio ambiente, a bicicleta no centro de cidades com trânsito congestionado é só alegria. Falo isso na condição de ciclista assíduo e triatleta", comenta o advogado.

Ônibus

Em 2008, quando era coordenador de Políticas Públicas de Maringá, Guatassara afirmava que as ciclovias não eram prioridade em Maringá. Passados 2 anos, a opinião dele segue a mesma. "A prioridade é o transporte coletivo e deverá continuar sendo. E precisa ser de qualidade para que as pessoas deixem o carro ou a moto em casa para ir de ônibus."

Exemplo disso foi a recente contratação da empresa de consultoria Logitrans, de Curitiba, que vai apontar soluções para o transporte coletivo de Maringá e que pode resultar em alterações na aplicação dos recursos do BID.

O Programa de Mobilidade e Transporte de Maringá, explica Guatassara, prioriza o transporte coletivo, além de adotar medidas para garantir a fluidez do trânsito de Maringá no futuro. Os US$ 13 milhões do banco serão investidos na travessia da Universidade Estadual de Maringá (UEM) – com a construção de um contorno ou túnel; na conversão das avenidas Brasil e Mauá em vias de mão únicas e com canaletas exclusivas para ônibus; e na construção dos terminais urbanos leste e oeste. A implantação do sistema binário no quadrilátero central, diz o secretário, entrou no cálculo dos US$ 13 milhões de contrapartida do município.

Fonte: O Diário, 03/12/2010

Projetos de Incentivo ao Uso da Bicicleta aqui.

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