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Vou de...

Uma brincadeira da filha Sofia obrigou o físico Samuel Corrêa Bueno, 38 anos, a recorrer a uma velha amiga com pneus meio murchos que estava encostada num canto da casa. A menina escondeu a chave do carro e ele ficou a pé, o jeito foi pedalar. A rotina de 15 km repetida por alguns dias oxigenou o corpo e a mente de Bueno, que resolveu voltar a usar a bike. Em Rio Claro, ele vai pedalando do Jardim Paulista até a Unesp, na Bela Vista, três vezes por semana. Também deixa uma bike no emprego para fazer pequenos serviços de banco.

“Não pratico como esporte, mas transporte mesmo. Eu usava quando adolescente, depois que comprei carro fiquei dez anos sem andar de bicicleta, principalmente depois de uma cirurgia dos olhos. Retomei há dez anos”, disse Bueno. A bike ajuda a economizar combustível, melhorar a saúde e também traz a sensação de contribuir para um mundo melhor, como ele mesmo resume: “é menos um carro na rua cheia”.

Aliás, carros, motos, bicicletas e skates precisam discutir a relação. “Não é uma convivência pacífica. O pessoal quer passar e se esquece da gente. Você leva espelhada no cotovelo, leva xingo... porque acham que você está no lugar deles”, conta o físico.

O lado bom desse exercício é um novo olhar sobre o mundo, que permite de-sa-ce-le-rar e observar as coisas, dar um oi para um conhecido e uma mãozinha ao meio ambiente. Parece, mas não é pouco. Países como a China, reconhecidos pelo uso da bicicleta, assistem a uma invasão dos automotores. Em novembro, os chineses respiraram um ar tão poluído que extrapolou os índices das atuais tabelas de medição. Haja máscara!

Física sobre rodas

Bueno, que é físico e autor de vários blogs, diz que transportar uma pessoa num veículo é puro desperdício de energia, porque a massa da pessoa em relação ao carro é pequena. “Esta energia ou trabalho tem de vir do petróleo ou álcool que, ao serem queimados, têm seus resíduos lançados na natureza. Com a bicicleta, você usa uma massa que é muito menor que o passageiro (uma bicicleta pesa no máximo uns 18 quilos). Isso faz com que a energia gasta para se deslocar de um ponto para outro seja muito menor (seja por causa da catraca que aproveita a energia, os declives etc.).

Ele ainda salienta que a diferença de tempo entre percorrer 7,5 km de carro e de bicicleta é de 15 minutos. O gargalo maior é o trânsito, não o veículo. Como se não bastasse seus argumentos científicos, as bicicletas de Bueno são batizadas com nomes de cantoras internacionais de blues, jazz e rock. Ele tem em casa Alanis Morrissete (Caloi SS-3), Bessie Smith (Monark-10) e Joss Stone (Caloi-10). Minha moto se chama Alberta Hunter e meu Fusca se chama Roger Taylor (baterista do Queen).

“Não sou contra carros, tenho dois e minha esposa tem um. São três carros em casa mais uma moto. Tenho um fusca de coleção, sou do Clube do Fusca de Poços de Caldas. Minha proposta não é esculhambar os carros, é apenas refletir que em dadas situações é viável deixar o carro na garagem e pegar a bicicleta.”

Em seus cálculos, entre janeiro de 2010 até agora, Bueno pedalou cerca de 1.000 km. Além de perder seis quilos, economizou R$ 275 em combustível e deixou de emitir 196,32 kg de CO2 na atmosfera.

A bike é outra opção difundida em Rio Claro, mas apesar da fama de “Cidade Plana” ideal para o uso das duas rodas, o veículo perde espaço para os carros.

Inovações do Velho Mundo

Paris, na França, resgatou a bicicleta num sistema de aluguel, o Vélib. O usuário se cadastra no serviço, que pode ser feito pela Internet, paga uma taxa de sete euros e pronto. As bicicletas ficam espalhadas por vários pontos da capital francesa. O usuá-
rio só tem o trabalho de pedalar entre as estações de troca. As bikes têm cadeado, correntes, cestinhas e faróis.

Já o ‘País das Bicicletas’, a Holanda, tem uma rede de ciclovias extraordinária, o que faz com que 37% do tráfego local seja feito em magrelas. Há até mesmo carteirinha de ciclista, além de multas para os infratores. Tanto na França quanto na Holanda, a bike dá um charme a mais para a vida dos moradores, além de promover a socialização. É aquele “oi, vizinho!”, “cara, vai pra balada hoje?” ou um simples aceno de bom dia para um desconhecido. Uma chance para ser humano de verdade.

Barcelona, na Espanha, também criou seu sistema sobre duas rodas, o Bicing, e segue o mesmo esquema francês, com estações de troca próximas aos pontos turísticos. Além disso, as bikes são vermelhas, como as capas dos toureiros, com design arrojado que combina com sua arquitetura. E viva Galdi! (Sobre duas rodas, claro.)

Fonte: Guia Rio Claro, 22/12/2010

Projetos de Incentivo ao Uso da Bicicleta aqui.

Um comentário:

Samuel disse...

Fiquei feliz em ver que a entrevista que dei serviu de inspiracao para mais alguem. Parabens pelo blog e vamos pedalar. Abracao Samuel